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Avaliação Neuropsicológica de Crianças e Adolesecentes
A avaliação neuropsicológica é recomendada em qualquer caso onde exista suspeita de uma dificuldade cognitiva ou comportamental de origem neurológica. Ela pode auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversos quadros neurológicos, alterações do desenvolvimento infantil, comprometimentos psiquiátricos, alterações de conduta, entre outros.
Informações: (22) 2643-8152 / 3053-2515
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Falando com as Mãos
- LIBRAS
- Surdez: classificação/ definição da patologia e a “ identidade do Surdo”
- Como é organizada a língua de sinais no cérebro
- Comparação do desenvolvimento da leitura e da escrita para a criança ouvinte e a criança surda
- Estrutura gramatical, uma relação com a teoria de Chomsky.
Hoje, nós começaremos a falar um pouco de Libras...
Falando com as Mãos
Você consegue ler hoje este texto porque passou por experiências que te levaram a aprender a língua portuguesa.
Desde que era bebê escutava as pessoas falarem e achando isso interessante começou a ensaiar com ”gugudadá”, por exemplo. Depois percebeu que quando falava ”dá” alguém te dava alguma coisa. Pois é, a linguagem (sistema de comunicação) nos permite expressar idéias, entender o outro, conviver em sociedade.. Se você se interessa pelo assunto, recomendo o filme “ O Milagre de Anne Sullivan” (de 1979) ou uma versão moderna “The Miracle Worker” (de 2000), que conta a história de Helen Keller (1880-1968) para que você tenha uma dimensão melhor da idéia.
Lembra-se de como começou esta história? Desde que você era bebê, escutava as pessoas... Então, podemos nos perguntar: E aquelas crianças que não escutam, como vão aprender uma língua?
Alguns pais que têm uma criança surda optam por fazer com que ela conheça outras crianças e adultos surdos, para que através do uso aprenda a língua de sinais, tenha uma boa comunicação e isso dê suporte para que ela aprenda com mais facilidade a língua portuguesa. Assim, ela pode ter a capacidade de comunicar-se em duas línguas, a língua portuguesa e a Libras.
É importante lembrar que familiares, amigos, professores, terapeutas ou qualquer outra pessoa interessada pode aprender a Língua Brasileira de Sinais . E que o processo de reabilitação/habilitação da criança pode ser iniciado nos primeiros meses de vida.
Não existe apenas uma língua de sinais no mundo. Existe língua de sinais francesa , inglesa , chinesa, etc. Os Estados Unidos e Canadá usam a mesma língua de sinais ( American Sing Language-ASL), mas Brasil e Portugal têm língua de sinais diferentes. E ainda, aqui no Brasil existe a Libras ( Língua Brasileira de Sinais- Língua de Sinais dos centros urbanos brasileiros) e a LSKB (Língua de Sinais Kaapor Brasileira ), utilizada pelos índios Urubu-Kaapor no Estado do Maranhão. E assim como na língua portuguesa, na Libras também ocorrem variações regionais .
Libras não é uma mímica, é uma língua. E assim como a língua portuguesa tem regras e nem todos os sinais são soletrados com o alfabeto manual, muitos conceitos têm sinal próprio. Na língua portuguesa combinando uma pequena quantidade de sons (fonemas) formamos uma infinidade de palavras . Na Libras, através da configuração de mãos formaremos os sinais .
Para diferenciar um sinal do outro existem outros parâmetros além da forma das mãos, como: o lugar onde elas vão ficar em relação ao corpo ou espaço, se vão movimentar-se ou não, direção e a expressão facial e/ou corporal (que é tão importante quanto a entonação na língua portuguesa).
Por exemplo, na Língua Portuguesa, para que outra pessoa entenda que você está afirmando ou perguntando você precisa ter entonação ao falar:
- Eu vou à praia.
- Eu vou à praia?
- Libras: Para que outra pessoa entenda você precisa ter uma expressão facial de convicção para afirmar , ou de dúvida para perguntar: “Eu ir praia”.
E ainda é importante levar em consideração a situação em que se falou algo. Por exemplo, a palavra manga em português, se você está falando em frutas tem um significado e em roupa tem outro. O sinal de laranja em Libras pode significar laranja ou sábado, também depende do contexto.
Para o Surdo, a Libras faz parte da sua identidade. Você pode conhecer um pouco mais dessa realidade através de :
-www.surdos.com.br
-Ines
-Feneis
Andréa Abreu é Fonoaudióloga da Evidência
terça-feira, 16 de novembro de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NEUROPSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
sexta-feira, 12 de março de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade
Organização da sala e da aula
Estudantes com TDAH frequentemente apresentam dificuldades em prestar atenção e atender as instruções/solicitações dos professores; logo, acabam tendo prejuízos em adquirir a informação necessária para realizar uma tarefa, completar uma atividade e participar adequadamente das atividades e discussões em sala de aula.
Para facilitar essa participação é interessante:
Deixar claro quais são as expectativas do professor na realização de cada tarefa.
Estabelecer uma rotina diária clara, com períodos de descanso definidos.
Usar reforços visuais e auditivos para definir e manter essas regras e expectativas, como calendários e cartazes.
Dar instruções e orientações de forma direta, clara e curta.
Observar se o estudante possui todos os materiais necessários para execução da tarefa; caso contrário deve-se ajudá-lo a consegui-los.
Dividir as atividades em unidades menores. Por exemplo, pedir que ele resolva, primeiro, as cinco operações de matemática e avisar quando terminar. Depois solicitar mais cinco.
Iniciar a aula pelas atividades que requerem mais atenção, deixando para o final do turno aquelas que são mais “agradáveis” e/ou estimulantes.
Monitorar o tempo que falta para concluir uma tarefa.
Outras modificações que têm se mostrado muito eficientes dizem respeito aos momentos de avaliação:
Propiciar um ambiente tranqüilo;
Dar mais tempo para os alunos;
Colocar um número menor de atividades por página;
Solicitar que a criança cheque as respostas, particularmente no subtipo impulsivo/hiperativo.
O importante é ter em mente que estudantes com TDAH aprendem melhor em atividades estruturadas. Quando não há presença de TA, geralmente precisam é de um tempo e de uma orientação extra para dominarem as informações. Uma vez aprendidas, eles recordam e usam a informação tão bem quanto qualquer outra criança.
Jocélia Pinho
Referência:
ROTTA, Newra Tellechea [et al.] Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
segunda-feira, 1 de março de 2010
Enxaqueca
A dor geralmente começa quando a aura acaba, em cerca de 20-30 minutos (fato que muitos enxaquecosos aprendem a aproveitar tomando a medicação adequada assim que percebem que a aura se instala), e pode durar de algumas horas a vários dias.
Como se não bastasse a dor excruciante, os enxaquecosos ainda têm que lidar com o deboche de muitos dos sãos que, sem nunca terem sofrido uma crise, acham que a fotofobia, o enjoo, a incapacitação, o desejo de silêncio, escuro e isolamento são frescura ou exagero. A neurociência e a neurologia estão ao lado dos enxaquecosos: tudo isso é absolutamente real.
Muito se pesquisa hoje em dia sobre a enxaqueca. Já se sabe que a aura visual corresponde ao fenômeno da depressão alastrante (nada a ver com o transtorno psiquiátrico chamado de depressão, por favor), uma onda de modificação da atividade elétrica das células que se espalha pelo córtex visual. Essa onda gera, em sua crista, as sensações visuais dos fosfenos (os pontos brilhantes), e deixa logo atrás de si, ao se expandir, uma faixa cega, onde os neurônios ficam momentaneamente incapazes de responder aos estímulos que recebem dos olhos. O córtex visual dos enxaquecosos pode ser especialmente sensível a estímulos visuais: há estudos que descrevem uma hiperssensibilidade a contraste, o que explicaria por que alguns enxaquecosos têm hiperacuidade visual (enxergam detalhes que escapam aos outros) e se sentem fisicamente agredidos por imagens em cores berrantes ou de alto contraste de luminosidade (como monitores de LCD com contraste e brilho no ajuste máximo). A aura visual acontece sempre do lado oposto ao hemisfério do cérebro acometido pela crise, já que cada lado do cérebro processa as informações sensoriais da metade oposta do corpo e do mundo. Se você enxerga ou sente a aura do lado esquerdo, a dor, quando chegar, será do lado direito.
O que causa a dor, no entanto, e por que ela é tantas vezes precedida por essa onda de depressão alastrante no córtex cerebral? Estudos recentes apontam para uma alteração no núcleo do nervo trigêmeo, que recebe informações sensoriais do rosto e das meninges (as membranas que envolvem o cérebro). É delas que vem a dor em si: as meninges são altamente inervadas e normalmente sensíveis apenas ao toque, mas inflamação local ou modificações na sensibilidade do trigêmeo podem fazer com que até a pulsação do sangue que irriga as meninges seja percebida como dor - daí a dor pulsátil, e que piora quando se abaixa a cabeça. Assim como o córtex visual, a informação no núcleo trigêmeo é cruzada; se o lado esquerdo do cérebro é o lado afetado em uma crise, a dor será do lado direito da cabeça. Em geral, as crises de enxaqueca não acontecem sempre de um só lado na mesma pessoa.
A fotofobia, comum durante a crise e em alguns enxaquecosos antes dela, pode estar relacionada à sensibilização à luz de um grupo de neurônios na retina que enviam seus sinais aos mesmos neurônios no cérebro que recebem do núcleo trigêmeo os sinais das meninges. Com o cruzamento de informações, o resultado parece ser a exacerbação da dor pela luz. Não é à toa que os enxaquecosos procuram o escuro durante as crises - e talvez o mesmo fenômeno ocorra com os sinais auditivos.
O enjoo parece estar relacionado a uma perturbação casada no núcleo do trato solitário (NTS), conjunto de neurônios que recebem informações sobre o estado fisiológico do corpo e o controlam de volta através do nervo vago. O NTS está diretamente conectado ao núcleo trigêmeo, e é possível que a perturbação da atividade de um leve a uma perturbação do outro, disparando a crise. Curiosamente, algumas pessoas relatam alívio imediato da dor com o vômito, que modifica a atividade do NTS. Para outras, no entanto, o vômito pode acabar exacerbando a crise.
A enxaqueca é um distúrbio pervasivo, ou seja, que pode durar a vida toda, e não tem cura (embora as crises desapareçam espontaneamente em algumas pessoas), mas tem tratamento, tanto profilático quanto durante a crise. É importante controlar e evitar as crises para impedir que o distúrbio se agrave. Muitos enxaquecosos aprendem rapidamente a identificar os fatores que disparam suas crises - que são personalizados, embora estresse e falta de sono sejam gatilhos comuns - e reorganizam sua vida para evitá-los. Chocolate, café, luz forte, perfumes, exercício físico, alterações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual e dores-de-cabeça causadas por outras fontes estão entre os fatores mais citados.
Se você acha que sofre de enxaqueca, procure um neurologista para uma avaliação. (SHH, 17/02/2010)
Fonte: O cérebro nosso de cada dia
Há algum tempo venho acompanhando o trabalho de Suzana Herculano, quando o " Cérebro nosso de cada dia" era uma comunidade no Orkut. Fui muito feliz ao ser presenteada com uma aula de Neurociência na Santa Casa-RJ, antes da série Neurológica do Fantástico. Lembro-me certa vez, quando indiquei o nome de Suzana para um evento na Cidade de Cabo Frio (estavam procurando uma autoridade ilustre, famosa); um amigo do departamento, fez uma piada e perguntou: Ela é a famosa quem? Pois é, logo depois a Suzana explodiu na série Neurológica do Fantástico e aquele meu amigo virou seu fã...
Bem, não é possível falar de neurociência sem citar e copiar escritos da Suzana Herculano.
Até Breve...
Jocélia Pinho
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Neurofeedback- Conversando sobre o assunto
O cérebro funciona com pulsos bio-elétricos (chamado EEG) e níveis químicos de vários neurotransmissores. O sistema cerebral e bem caótico, com bilhões de grupos de neurônios trabalhando independentemente e ligados fazendo centenas de tarefas a qualquer instante, mas como qualquer sistema caótico ele tem padrões estáveis de energia. Por isso uma pessoa ansiosa geralmente não pára de repente de ficar ansiosa,ou outra não começa de repente ficar ansiosa,ou deprimido, ou com raiva, ou com memória ótima ou péssima.
Olhando o EEG, a gente tem capacidade de reconhecer e descrever esses padrões estáveis em várias partes do cérebro. Pesquisas feitas com máquinas que gravam as informações de todas as freqüências (níveis)de energia em todas as áreas do cérebro durante um tempo, inclusive as conexões e interações das áreas em certas tarefas, já deixaram clínicos dizer que tais padrões ficam ligados com certas problemas.
Por exemplo: pessoa que sofre de ansiedade pode ter níveis de beta maiores no lado direito do cérebro, ou pode ter níveis de beta maiores na parte traseira, ou pode ter pouco alfa com olhos fechados na parte traseira, ou pode ter muito alfa com olhos abertos na frente, ou pode ter muita atividade acima de 23 Hz nos lobos temporais, ou pode ter coerência bem baixa nas freqüências lentas, ou pode ter coerência bem alta nas freqüências ligeiras, etc.
Desde 1954 já foi demonstrado que o cérebro tem capacidade de mudar os padrões dele mesmo quando estes padrões estão mostrados em tempo real para ele. Desde os anos 90, com a revolução em computação que deu poder sempre maior para preço (e tamanho) cada vez menor, as pessoas começaram mostrar que treinando o cérebro para mudar as padrões
"ineficientes" ou "grudados" dar para o cliente a capacidade de mudar todas as coisas na lista em parágrafo 1 acima.
Essa mudança tem vários benefícios: 1. ele acontece no nível (não da mente consciente mas) do cérebro mesmo. O cliente não aprende um truque mental de intervir quando começa sentir ansiedade, elesimplesmente pára de sentir ansiedade (pelo menos quando não é apropriado); 2. mudando os padrões energéticos, o cliente automaticamente muda os níveis de neurotransmissores sem tomar remédios para mexer quimicamente no cérebro; 3. ele muda padrões estáveis (ineficazes) para outros padrões estáveis,mudando capacidade por um jeito duradouro; e 4. e o cliente mesmo que faz essas mudanças, não o treinador, que dar poder para ele em vez de fazer ele dependente (como no caso de medicações).
Espero que isso ajuda um pouco mais entender.
Texto cedido gentilmente por Peter Van Deusen
Peter Van Deusen entrou no campo de NF em 1991. Ele treinou com vários dos pioneiros e aplicou os sistemas deles. O primeiro cliente foi ele mesmo, e experimentou mudanças positivas na própria vida. Ele começou trabalhar com outros clientes sob a supervisão de psicólogos e um psiquiatra até que formou a empresa TLC. De 1992-2001, ele teve 4 consultórios na cidade de Atlanta (EUA), treinando todos os clientes em um deles e treinando e supervisionando treinadores nos outros três. Fez todas as avaliações e planos de treinamento durante esse 10 anos.
Em 2001 ele mudou-se para Miami e começou a treinar outros profissionais na técnica, continuando com sua filosofia de treinamento prático. O sistema de avaliação cerebral que ele desenvolveu está sendo utilizado mundialmente. Até 2007 ele viajou o mundo inteiro, dando cursos pelos EUA, Europa, Austrália, Canadá, America do Sul e Ásia. Também ministrou um curso na faculdade da University of Georgia no mestrado de psicologia. Ele criou uma comunidade na internet (braintrainer) que agora tem 1750 sócios no mundo inteiro e um website (www.brain-trainer.com) que atrai uns 3000 visitantes por dia. No brain-trainer.com ele oferece aparelhos e software, ensino por vídeos e on-line e faz supervisão para profissionais mundialmente.
Em setembro de 2009 tive o prazer de conhecer e fazer um curso de Neurofeedback com Peter Van Deusen. O contato com a técnica de NF, me fez entender que o treinamento cerebral com NF é capaz de mudar padrões cerebrais, favorecendo um equilíbrio físico e psíquico, provocando mudanças reais bastante positivas na vida do sujeito.
Posteriormente, falaremos um pouco mais sobre isso.
Jocélia Pinho
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Dificuldade de Aprendizagem
O ideal é que não só os profissionais da área da saúde,mas também os da educação tenham noções básicas acerca do funcionamento normal e patológico do SNC . Esse funcionamento, para ser entendido pressupõe a noção mínima dos eventos que ocorrem no desenvolvimento e no aprendizado da criança.
No que se refere ao processo de aprendizado, existe uma interface entre duas áreas de atuação: a educação e a saúde. Na primeira agem os educadores, orientadores educacionais, pedagogos, psicopedagogos; na segunda, atuam pediatras, neurologistas, psicólogos, psiquiatras da infância e adolescência, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, entre outros. A rigor, essa interface entre saúde e educação, na qual o assunto é o aprendizado normal e seus principais problemas, poderia ser denominada neuropedagogia (Riesgo,2006).
Porque algumas crianças aprendem a ler com mais facilidade do que outras?
E porque algumas apresentam dificuldades no aprendizado, em diferentes áreas, mesmo tendo inteligência normal ou acima da média?
Essas perguntas tão intrigantes nos levam a pesquisar os fatores determinantes da variação da aprendizagem, assim como distinguir os diferentes transtornos que podem influenciá-la.
Jocélia Pinho
Referência:
MELLO, C.B.; Miranda,M.; MUSZKAT,M. Neuropsicologia do Desenvolvimento: Conceitos e Abordagens. 1ª edição. São Paulo: Memmon, 2005.
ROTTA, Newra Tellechea [et al.] Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Video Sinapse
Plasticidade dos circuitos cerebrais
Os sinais moleculares que orientam a maturação dos neurônios, a migração deles para formar circuitos e a arquitetura das sinapses, começam a exercer suas funções ainda na vida intra-uterina, bem antes do embrião exibir sinais de atividade neural. Nessa fase, a organização obedece exclusivamente ao comando todo poderoso do programa genético herdado dos pais. A configuração básica das redes neuronais de cada indivíduo adquiridas antes dos estímulos do meio vão constituir o arcabouço computacional do cérebro por onde trafegarão as informações futuras. A atividade neural poderá ser iniciada espontaneamente pelo embrião em fases ainda precoces do desenvolvimento. No entanto, para a circuitaria desenvolver sua potencialidade serão imprescindíveis os estímulos ambientais.A experiência exerce impacto decisivo na organização das redes neuronais; sem ela, o sistema nervoso não atinge a maturidade plena. Por exemplo, se taparmos o olho esquerdo de um gato recém-nascido durante trinta dias consecutivos, a visão desse olho estará definitivamente comprometida. Do ponto de vista anatômico, os neurônios que se dispõem na retina esquerda estão lá, os circuitos que os conectam aos centros cerebrais envolvidos na visão, também, mas a falta do estímulo luminoso no momento adequado comprometerá irreversivelmente a função da rede encarregada de processá-lo . Essa experiência clássica ilustra a característica mais importante das redes neuronais: a plasticidade. Viemos ao mundo com uma circuitaria montada na ordem imposta por nosso programa genético, mas o impacto da experiência modifica a estrutura molecular das redes, promove novas conexões e desliga outras com a finalidade de aumentar a capacidade operacional do sistema diante dos desafios que a vida impõe.
Referência:
ROTTA, Newra Tellechea [et al.] Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.